Manaus – O deputado Dermilson Chagas (Podemos) questionou, na manhã desta quarta-feira (9), no Plenário Ruy Araújo, na Assembleia Legislativa do Estado (ALE), o fato de o governador do Estado, Wilson Lima, ter dito, em um vídeo divulgado pelo WhatsApp, no último dia 2, que ele é o principal interessado que a Polícia Federal esclareça todos os fatos investigados na quarta fase da operação Sangria, mas, que se contradisse, ao entrar, na terça-feira (8), com um pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para não depor na CPI da Covid-19 ou ter o direito de permanecer calado.
A quarta fase da operação Sangria investiga fraudes à licitação, desvio de recursos públicos e participação de servidores públicos e empresários em organização criminosa. O principal alvo desta fase da investigação é o contrato para instalação do hospital de campanha no hospital Nilton Lins. A CPI da Covid-19 em andamento no Senado foi proposta pelo senador Randolfe Rodrigues, do Amapá, logo após a crise de desabastecimento de oxigênio e da falta de leitos hospitalares no estado do Amazonas, que causou a morte de várias pessoas. A CPI também investiga omissões do Governo Federal frente ao combate à pandemia no país.
“Através do seu celular, o governador diz que não deve nada a ninguém e que não tem o que esconder. Mas as suas ações falam o contrário. Já que ele não deve nada a ninguém e ele mesmo faz questão de dizer em todos os cantos deste Estado que não deve nada a ninguém, por que ele quer correr da CPI? Ele está com medo do quê? Essas noticiazinhas que ele está colocando nas redes sociais dizendo que não sabia da falta de oxigênio, a White Martins já havia informado o Governo com antecedência. E agora ele procura o STF para não comparecer na CPI ou para poder ficar calado?”, indagou Dermilson Chagas.
Advogado de clientes notórios
O salário líquido do governador do Amazonas é R$ 33.258,52, mas, apesar dessa limitação na sua fonte de renda, Wilson Lima contratou o advogado Nabor Bulhões, ex-presidente seccional da OAB/DF e que já defendeu, entre outros clientes notórios, o ex-presidente Fernando Collor de Mello, o empresário Paulo César Farias, mais conhecido como PC Farias, e o empresário Marcelo Odebrechtj. Ele também atuou na Itália no caso Cesar Battisti, escritor italiano que era ativista do Proletários Armados pelo Comunismo, que foi condenado à prisão perpétua na Itália por quatro homicídios.
“Quanto foi que o Nabor Bulhões cobrou para fazer essa peça?”, questionou Dermilson Chagas, referindo-se ao pedido do habeas corpus preventivo encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). “Menos de R$ 2 milhões eu tenho certeza de que não foi. Como o Wilson Lima, que ganha menos de R$ 35 mil, consegue pagar um advogado desse porte?”, indagou o parlamentar.
Dermilson Chagas disse que o governador Wilson Lima tem a obrigação moral de dar transparência para a população sobre os pagamentos dos honorários do escritório de advocacia que contratou para defendê-lo. Ele também disse que irá peticionar para que ele publique a sua declaração de Imposto de Renda.
“Quem é a empresa que está pagando o advogado de Wilson Lima? Porque do bolso dele, não sai. Eu vou peticionar para ele publicar o Imposto de Renda dele para saber se está declarada essa despesa com advogado. Ele, como governador, tem a obrigação de informar o seu Imposto de Renda porque é preciso que seja dada transparência para a origem do dinheiro que está realizando esse pagamento. De onde vem o dinheiro para pagar o advogado que o Wilson está usando em Brasília? Eu conversei com várias pessoas da Defensoria Pública e elas me disseram que esse advogado não saiu por menos de R$ 2 milhões”.
Impeachment do governador e explicações do secretário da SSP-AM
Dermilson Chagas voltou a cobrar da ALE o impeachment de Wilson Lima porque todos os graves fatos ocorridos na sua gestão comprovam que sua permanência no cargo é insustentável, especialmente agora que existe uma crise na Segurança Pública que foi posta em xeque pelo crime organizado. Ele também reiterou o seu pedido para o afastamento de toda a cúpula da Segurança Pública, que se mostrou ineficaz no combate às ações terroristas dos traficantes.
O parlamentar também pediu que fosse estabelecida uma data para a ida do secretário de Segurança Pública do Amazonas, coronel Louismar Bonates, ao Plenário Ruy Araújo, para que ele tire várias dúvidas dos deputados e esclareça vários questionamentos sobre as falhas que a sociedade amazonense percebeu durante a onda de ataques do crime organizado a prédios públicos, agências bancárias, depredação de veículos particulares e públicos, além de assaltos em via pública.
Ficou decidido na sessão plenária desta quarta-feira que a presença do secretário na ALE será feita por convite e não por convocação, como foi proposto originalmente pelo deputado Dermilson Chagas, e a data será anunciada nesta quinta-feira (10).